Depois de um belo banho de chuva, me encontrei na tarde desse domingo com alguns amigos de infância, uma infância não tão longínqua assim, mas que me arrasa de tanta saudade. Períodos da vida em que não sonhávamos tanto, agíamos mais, por isso, talvez, nos decepcionássemos menos... Vi em meus amigos as mesmas caras, os mesmos cabelos, os mesmos olhares; sim, é nítido um amadurecimento em todos nós, como também é nítida uma saudade do tempo em que os joelhos eram todos ralados pelo vigor... Sinto em meus amigos, ainda hoje, um cheiro de merenda de escola... Sinto em meus amigos a saudade do que fui. Obrigado! Obrigado pela fidelidade durante tanto tempo. Obrigado por fazerem parte da minha infância e da minha "vida adulta". Obrigado por não pedirem nada em troca da minha amizade, exceto que eu relembre os momentos em que tomávamos banhos de chuva na porta da igreja da rua, só pra tentar matar o padre de raiva...
“… um dia desses na vida, depois de bastante ter ido, regressei aldeota de amigos. Tinha quase outro olho. Era tudo mesmice de boa gente. A casa, a rua, passeios de adormecer de sol. Até o tempero era o mesmo, banhando a boca de desejo de comida de mãe…”
Gero Camilo