sexta-feira, 9 de abril de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

O amor acaba?

O cara disse. Numa esquina, num domingo, depois do teatro e do silêncio, na insônia, nas sorveterias, como se lhe faltasse energia. Ele não volta? Não deixa rastro ou renasce? Na esquina em que se beijaram uma vez, lá está, na sombra apagada pela luz, na poeira suspensa, na revolta da memória inconformada. Na solidão, lá vem ele, volta, com lamento, um quase desespero, e penso nos planos perdidos, que vida sem sentido… Na insônia, o amor cai como uma tonelada de lápide, e se eu tivesse feito diferente, e se eu tivesse sido paciente, e se eu tivesse insistido, suportado, indicado, transformado, reagido, escutado, abraçado? Na sorveteria, ele volta, o amor, em lembranças. Porque aquele sabor era o preferido dela, aquela cobertura era a preferida dela, aquela sorveteria era a preferida dela, aquela esquina, aquele bairro, aquele clima, aquela lua, aquele mês, aquela temperatura, aquela raça de cachorro, aquele programa de fim de tarde e aquele horário sem planos… No elevador, quantas saudades daqueles segundos em silêncio, presos na caixa blindada, vigiados por câmeras camufladas, loucos para se agarrarem, rirem, apertarem todos os botões, tirarem a roupa, escreverem ao lado do Atlasado: “Eu te amo”. Saudades é amor. Não se tem saudades do que não se amou. O amor não acaba, porque tenho saudades, me lembro dela, me preocupo com ela, torço por ela, e se sonho com ela, meu dia está feito. O amor não pode acabar, porque sem ela ou sem a esperança de revê-la, até a chance de tê-la de volta, não vejo a paz. Ela é uma trégua na minha guerra pessoal contra a minha paixão por ela. Amá-la me faz bem. Mesmo que ela não me ame, amo amá-la. Continuei amando desde o dia em que terminou. Passei meses amando como se não tivesse acabado. Ficaria anos amando mesmo se não tivesse voltado. O amor não acaba, muda. O amor não será, é. O amor está. Foi. Nas tantas músicas que ouvimos, que dançamos colados, trilhas das noites frias em que você sentava em mim nua, enquanto os meus braços imobilizavam os seus. Amor. O não-amor é o vazio. O antiamor também é amor. Eu te amava quando você respirava no meu ouvido. Lembra do meu dedo dentro de você? Amo-te, amo-te, amo-te. Instante secreto, sua boca incha, seus olhos apertam, suas unhas me arranham e você diz: Eu te amo! O amor acabou quando você se foi? Você sentiu saudades das minhas paredes, das cores das minhas camisas, da umidade da minha boca, do cheirinho do meu travesseiro, da minha torrada com mel, das noites pelados assistindo à tevê, dos vinhos entornados no lençol, do café da manhã com jornal, você sentiu falta de atravessar a avenida comigo de mãos dadas, de correr da chuva, de eu te indicar um livro, do cinema gelado em que vimos o filme sem fim, torcendo para acabar logo e ficarmos a sós, você sentiu falta da minha risada, inconveniência, de eu ser seu amante, noivo, amigo e marido, dos meus olhos te espiando, dos meus dentes mordendo e mastigando, ficou tanto tempo longe e pensou em nós especialmente bêbada ou louca, queria me ligar, me escrever, meu cheiro aparecia de repente, meu vulto estava sempre ali, acaba? Diz que acaba. Como acaba? Não acaba. Diz, não acaba. Repete. Falei? Não acaba. Pode virar amor não correspondido. Pode ser amor com ódio, paixão com amor. Tem o amor e o nada. Ah, mais uma coisa. Antes que eu me esqueça. O amor não acaba. Vira. Se acabar, não era amor.


Por Marcelo Rubens Paiva

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

"Apesar de você
amanhã há de ser outro dia"

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

viagens da "polenta"


Jundiaí / Teatro Gloria Rocha
05/03/2010 (sexta) às 21h00
06/03/2010 (sábado) às 20h00

Jáu / Teatro Municipal Elza Munerato
13/03/2010 (sábado) às 21h00

Botucatu / Teatro Municipal Camillo Fernandez Dinuzzi
14/03/2010 (domingo) às 20h00

Pindamonhangaba / Teatro da COOTEPI
20/03/2010 (sábado) às 21h00
21/03/2010 (domingo) às 20h00

São Sebastião / Teatro Municipal de São Sebastião
27/03/2010 (sábado) às 21h00
28/03/2010 (domingo) às 20h00

Salto de Itu / Sala Palma de Ouro
03/04/2010 (sábado) às 21h00
04/04/2010 (domingo) às 20h00

domingo, 7 de fevereiro de 2010


"...quando notares estás a
beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés."


Na vitrola a música toca,
escuto algo
...Você, pelo jeito, escuta outra coisa.
Meus pés se movimentam para o lado de cá,
os seus, para o lado de lá.
Ritmo lento, pelo menos pra mim,
quase que sensato, calmo
procurando o silêncio entre o respiro
musical,
como nunca antes...
Ritmo frenético em sua cabeça,
procurando sei lá o que,
sei lá onde,
sei lá como.
Sua voz,
de tão alta a música que você escuta,
quase que se anula,

Há um descompasso no ar.
Até quando escutaremos o som da mesma vitrola?
...Juntos

domingo, 31 de janeiro de 2010

...Próximo passo.

Luiz Antonio Gabriela


Por Nelson Baskerville